quinta-feira, 30 de outubro de 2014

1.ª Viagem Sem Destino 2014

Este ano, muitas coisas aconteceram, e nem sempre houve a possibilidade da dedicação merecida ao motociclismo. Alguns passeios foram realizados, mas este foi o mais marcante do ano.

Chegado ao final do mês de Setembro, e depois de algumas reticências minhas, eis que me batem à porta os meus amigos Hugo e Jonas para me convencerem finalmente a acompanhá-los numa pequena viagem sem destino. Mas primeiro, o melhor era almoçarmos!
Durante o almoço muito se falou, e acabei convencido pelo empurrão da minha cara metade.

1º dia - Viseu -> Portalegre
Toca de preparar o "ferro" e dizem-me logo: nada de GPS ou outras geringonças tecnológicas: sem destino é sem destino. Ok!
Pronto a partir, pergunto para que lado. Resposta: para Sul. E vai, toca de virar para Norte... mas uns quilómetros à frente lá nos orientamos e agora é desta que é para sul, pois no céu, a coisa avizinha-se pró feio.
Primeira paragem: uma das áreas de serviço à saída de Coimbra. Umas jolas, um mapa, e nuvens muito negras ao fundo. Como as horas iam passando, fazemo-nos à estrada novamente.
Após alguns quilómetros, as primeiras dúvidas sobre o destino a seguir face ao clima adverso que se avizinhava.
Castelo Branco? Siga pelo IC8, logo se vê... e não tarda, uma molha monumental. Uma ponte perto da Sertã acabou por se revelar muito útil dada a quantidade de água que caiu (a ponte de Pedrógão inundou o tabuleiro). Como estávamos ensopados até aos ossos, decidimos continuar, e numa nova aberta para secarmos, decidiu-se ir para... Portalegre.
Mais uns quilómetros... alguma chuva menos violenta, e chegámos finalmente a Portalegre. Uma pequena volta para encontrarmos um local para pernoitar. Banho quentinho, roupa sequinha, e bora encontrar um restaurante para jantar. Pedido feito, acomodação para ver o Boavista-Porto na TV e bbuuummmm... ficámos sem luz. Umas velas para remediar a situação e esperar pelo jantar... e um bom bocado depois lá aparece a luz. Deveria dar para ver a 2ª parte do jogo, mas nem tudo é mau... o início do jogo sofreu um atraso enorme devido... à chuva, para não variar.
Jantados, lá fomos procurar um local onde passar um final de noite animado. Um barzinho muito acolhedor... e umas valentes jolas e petiscos malhados. Descanso... não sem antes alguns malharem uns Jack Daniel... por causa dos "escapes" que alguns teimam em não largar enquanto dormem.

2º dia - Portalegre -> Beja
Ao acordar, a minha indisposição levou-me a pedir um chá ao pequeno-almoço... deve ter sido o resfriado do dia anterior. Previa-se um dia muito difícil.
Mau tempo, mas está na hora de continuar para... sem destino! Já me esquecia.
Bons quilómetros, com excelentes paisagens, e acabamos por rolar até quase fora de horas de almoço, até Reguengos. Restaurante encontrado, fato de chuva tirado (desta vez a chuva não nos apanhou desprevenidos) começa o meu suplício de indigestão: um mau bocado passado durante o almoço, mas depois S. Gregório teve piedade de mim e aliviou-me.
Como se fazia tarde, e o tempo até tinha piorado, pensou-se em ficar por ali, mas a decisão acabou por ser ir para Sul.
Mais uns bons quilómetros e paisagens fantásticas (não fosse a chuva) e eis-nos chegados a... Beja.
Instalados na Pousada de Juventude, procura-se um restaurante para jantar, que foi muito bom, diga-se.
Como ainda estava bastante pálido e com dores abdominais, decidi regressar à pousada e não desfrutar da noite alentejana como desejava. Aproveitaram os meus amigos, e bem!

3º dia - Beja -> Barrancos
Acordar como novo é uma ótima sensação, sobretudo quando se viaja de moto.
Decididos que estávamos em ir para... Sul, lá nos fizemos à estrada.
À hora de almoço estávamos a chegar a Barrancos. Como estava tudo aparentemente fechado, encontrámos um cafézinho, e bota de aviar o que havia para piquenicarmos porque a chuva até estava a dar tréguas. Escolha do local... Castelo de Noudar, a 12 Km, em estrada de terra batida.
Chegados lá (único local donde tenho fotos) toca de entrar pelo Castelo, e encontrar um local para montar a mesa e comer calmamente, com a devida autorização, é claro.
As horas foram passando, e acabou por surgir a ideia de se acampar por ali, dado o final de tarde se aproximar.
Montámos as tendas mesmo ali, e enquanto uns foram adquirir mantimentos para a a noite, lá fui arranjar lenha porque a noite prometia ser fresquinha.
Lenha junta, e um rebanho caprino a fugir aparentemente sem motivo, e eis que começa a chover, com trovoada, e a coisa prometia. Meti-me dentro da tenda, a chuva entretanto tornou-se torrencial e após uma mais de uma hora ouço um veículo todo o terreno a aproximar-se: eram os meus amigos juntamente com o responsável do Parque de Natureza de Noudar, para me virem buscar, dado que as previsões prevêem temporal para a noite, e dado que uma das partes da muralha teria ruído recentemente, seria mais seguro pernoitarmos na Herdade da Coitadinha. Lá os acompanhei, de mota, até à herdade.
Repentinamente falta a luz, mas fomos servidos com umas tábuas de enchidos de chorar por mais. Iluminação improvisada pela noite dentro até desistirmos de esperar pela luz, já que mesmo Barrancos não tinha electricidade, e de madrugada lá fomos descansar.


4º dia - Barrancos -> Viseu
Ao acordar tardiamente de manhã, e já com luz eléctrica, fomos tomar um pequeno-almoço muito bem servido, diga-se, com todos os mimos.
Contas acertadas e motas carregadas, decidiu-se iniciar o regresso que acabou por ter finalmente um destino: casa.
Finalmente o sol fez a sua aparição e foi um dia memorável, passando por estradas espanholas e portuguesas, desde Olivenza a Elvas, e acabar por jantar em Coimbra, à beira do rio Mondego.
Despedidas logo ali, e cada um seguiu o restante percurso, com a vontade, e falarei certamente pelos três, de repetir a experiência.